Wilson Bicudo saiu do tribunal algemado e foi levado para a penitenciária. Defesa da vítima comemorou o resultado: 'Finalmente a Justiça foi feita'.
Wilson Bicudo (de branco) foi condenado a 12 anos de prisão (Foto:
Reprodução/TV Anhanguera)
Wilson
Bicudo, acusado de torturar e perfurar os olhos da ex-mulher, a operadora de
caixa Mara Rúbia Guimarães, foi condenado nesta quarta-feira (19) a 12 anos de
prisão em regime fechado por tentativa de homicídio triplamente qualificada. O
réu saiu do julgamento algemado e foi levado diretamemte para a Penitenciária
Odenir Guimarães (POG), em Aparecida de Goiânia, Região
Metropolitana da capital.
Segundo
o presidente do júri, juiz Jesseir Coelho de Alcântara, a pena poderia variar
de 12 a 30 anos de detenção. Inicialmente, o juiz sentenciou Bicudo a 18 anos
de reclusão.
A
pena poderia ser reduzida em até dois terços, por se tratar de uma tentativa e
não de um homicídio consumado. No entanto, o juíz retirou o mínimo, apenas seis
anos, devido à ação do autor de ter perfurado os olhos da vítima e pelo fato de
Mara Rubia não ter tido chances de reação. A tripla qualificação se deve ao
fato de o crime ter sido cometido por motivo torpe, praticado por meio cruel e
sem chance de defesa.
A
sessão ocorreu no 2º Tribunal do Júri de Goiânia e durou mais de oito horas. O
auditório ficou lotado e algumas pessoas tiveram que acompanhar o julgamento em
pé.
A
advogada de Mara Rúbia, Darlene Liberato, comemorou o resultado.
"Finalmente a Justiça foi feita. Estamos muito satisfeitos com a pena
estipulada pelo juiz", afirmou ela ao G1. De acordo com Darlene, Mara Rúbia,
que passou mal e chegou a desmaiar durante o julgamento, segue internada no
Centro de Apoio Integral a Saúde (Cais) do Setor Campinas.
Os
advogados de defesa afirmaram que vão consultar a família do condenado para só
depois decidir se vão recorrer ou não da decisão."Tentamos mostrar
tecnicamente que não era tentativa de homicídio e sim lesão corporal. Mas o
clamor social provocado pela repercussão que teve esse caso levou a essa
condenação", opinou o advogado Antônio Fleury.
Debate
Durante quase cinco horas, acusação e defesa expuseram seus argumentos ao júri. A acusação relembrou os detalhes do caso e sustentou a tese de que se o réu não fosse condenado por tentetiva de homicídio, seria um grande demonstrativo de impunidade.
Durante quase cinco horas, acusação e defesa expuseram seus argumentos ao júri. A acusação relembrou os detalhes do caso e sustentou a tese de que se o réu não fosse condenado por tentetiva de homicídio, seria um grande demonstrativo de impunidade.
“As
mulheres de todo o Brasil dependem da decisao de vocês [jurados], porque se ele
não for condenado pela tentativa de homicidio, a impunidade reinará no país e
servirá de exemplo para todos os homens que agridem suas mulheres. Um exemplo
de que todos continuarão impunes”, defendeu a advogada da vítima Darlene
Liberato.
Acusação disse que caso não poderia ser exemplo de impunidade (Foto:
Vitor Santana/G1 Goiás)
Já
a defesa de Wilson Bicudo argumentou aos jurados que o acusado deveria ser
punido pelo “ato covarde”, mas que fosse condenado pelo crime correto, que,
segundo a defesa, seria de lesão corporal grave. “No laudo médico apresentado à
Justiça, ao ser perguntado se a vítima teria corrido risco de morte, o perito
afirmou que não”, disse o também defensor Douglas Dalto Messora.
Por
fim, os advogados de Bicudo afirmaram que o caso sempre foi marcado pela dúvida
na tipificação do crime. “Se o próprio Ministério Público de Goiás [MP-GO] teve
dúvida com relação à natureza do crime, por lei, a dúvida deveria ser benéfica
a Wilson Bicudo”, disse Messora.
A
acusação recusou essa tese devido à demosntração de crueldade durante o crime.
“Mara Rúbia foi amarrada, ele colocou um pano na boca dela e a agrediu durante
quase uma hora. Se ele não for condenado por tentativa de homicídio, vai
cumprir um pequeno tempo na cadeia, vai voltar e matá-la”, disse a advogada de
Mara Rúbia.
Depoimento
Durante o seu depoimento, Bicudo, que já estava preso há seis meses, alegou que não tinha a intenção de matar a vítima. “Estou muito arrependido. Ela é a mulher que eu amo, que eu gosto. Eu não sou um monstro como estão dizendo, sempre trabalhei. Na hora, fui atentado pelo capeta”, relatou.
Durante o seu depoimento, Bicudo, que já estava preso há seis meses, alegou que não tinha a intenção de matar a vítima. “Estou muito arrependido. Ela é a mulher que eu amo, que eu gosto. Eu não sou um monstro como estão dizendo, sempre trabalhei. Na hora, fui atentado pelo capeta”, relatou.
Ele
afirmou que entrou na casa de Mara Rúbia junto com ela, após terem começado a
conversar na rua. “Eu fui pedir pra gente reatar porque eu não queria que meu
filho fosse criado só com o pai ou com a mãe. Eu agredi a Mara Rúbia porque ela
disse que não ia ficar comigo, que não ia ficar com um pé rapado como eu.
Fiquei muito ofendido de ela ter dito isso. Eu fiquei nervoso e bati nela”,
contou.
Mara Rúbia recebe atendimento após passar mal no júri(Foto: Paula
Resende/G1)
Além
do réu, dez testemunhas foram arroladas pela defesa e acusação, mas sete foram
dispensadas. A titular da Delegacia Especializada no Atendimento à Mulher de
Goiânia (Deam), Ana Elisa Gomes, foi a primeira a depor, a favor de Mara Rúbia.
Para a delegada que conduziu a investigação policial sobre o ocorrido, não há
dúvida de que Bicudo tinha intenção de matar a vítima. “Para mim, está mais do
que claro que se trata de tentativa de homicídio. Ele a estrangulou até ela
perder o sentido. O fato da perfuração foi o golpe cruel, para trazer à tona o
ódio que sentia por ela”, disse.
Desmaio
O depoimento da delegada durou cerca de 20 minutos e começou logo após o de Mara Rúbia. Em seguida, a sessão foi interrompida por dez minutos. Nesse período, a vítima das agressões desmaiou e foi encaminhada ao Centro de Saúde do Tribunal de Justiça.
O depoimento da delegada durou cerca de 20 minutos e começou logo após o de Mara Rúbia. Em seguida, a sessão foi interrompida por dez minutos. Nesse período, a vítima das agressões desmaiou e foi encaminhada ao Centro de Saúde do Tribunal de Justiça.
Depois
de dez minutos, a sessão foi retomada com o depoimento de outra testemunha da
acusação, Elisiene Santos Feitosa, que na época do crime era vizinha da vítima.
Ela ouviu Mara Rúbia gritar por socorro e foi a primeira a socorrê-la. Em
seguida, a única testemunha de defesa depôs: Rosa Moura Gonçalves, que é amiga
de Bicudo.
tópicos:
Fonte
e foto: G1 - Goiás
Edição:
Nova Glória News
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