O
meu trabalho não tem hora. Antes mesmo dos primeiros raios de sol já estou
aqui,
no lixão, tirando o sustento dos meus oito netos e também cinco filhos.
Chego a trabalhar de 12 a
14 horas por dia". Essas foram as primeiras respostas dadas pelo catador
de lixo, Francisco Oliveira da Silva, 59 anos, flagrado pela reportagem do
Diário do Norte, no final da manhã de quinta-feira (6), enquanto separava
materiais recicláveis para serem comercializados, no lixão a céu aberto, em São
Luiz do Norte. Trabalhando de sol a sol e de segunda a segunda, Francisco é
mais um esquecido pelo mundo. Apesar de estar todos os dias no lixão, parece
invisível aos olhos dos outros e quando, o vêem não o enxergam como um cidadão,
com seus direitos e deveres.
Sob
o sol escaldante do meio dia, Francisco conversou com a reportagem e disse que
há seis anos vive de material reciclável recolhidos do lixão. Em silêncio e
sozinho, Francisco busca diariamente a dignidade que a vida lhe furtou. "O
que eu mais tenho raiva é que todos os anos os políticos vêem até a nossa porta
e prometem rios de benfeitorias, e que vai dar aquilo e que as coisas irão
melhorar, mas é só assumirem o poder e se esquecem que existimos",
lamenta. Contudo, Francisco é diferente. Exercendo um ofício estafante e
ingrato, ele sorri e garante que já não trocaria o emprego de reciclador por um
emprego convencional.
Conversando
com o repórter do Diário do Norte sem interromper a lida, Francisco disse que
trabalhava na usina de cana de açúcar, mas preferiu trocar o trabalho com
carteira assinada pelo lixão. "Trabalhava oito a 10 horas por dia para
ganhar um salário mínimo. Aqui eu tenho condições de ganhar quatro vezes
mais", afirma. Trabalhando sem nenhum material de segurança, como botas e
luvas, Francisco disse que há seis anos não fica doente e por isso mesmo,
afirma não ter medo de contrair alguma doença no lixão. Segundo ele, ali é
depositado todo tido de lixo, desde o doméstico, entulho, animais mortos e até
mesmo lixo hospitalar. Em São Luiz do Norte, a exemplo de milhares de cidades
brasileiras, não conta com aterro sanitário.
Recolhendo
principalmente latinhas, garrafas pet e metal, Francisco espera dias melhores,
mas afirma não enxergar muita esperança nessa possibilidade. Com um pedaço de
madeira nas mãos, ele vai revirando o lixo e separando o material reciclável.
Ao final de cada dia, ele consegue recolher uma grande quantidade do material,
que é posteriormente comercializado. "Tenho mais condições de dar o
sustento em casa para os meus netos e filhos, recolhendo material do lixão.
Daqui, eu consigo colocar o pão na mesa, dar o que vestir e também o
estudo", garante. Nos dias que o lixo se acumula, Francisco conta com a
ajuda de algum dos filhos mas, segundo ele, isso ocorre raramente. "Não
tenho vergonha de trabalhar", finaliza Francisco.
Fonte
e foto: Jornal Populacional.com.br
Edição:
Nova Glória News
Siga
Nova Glória News no Twitter
0 comentários:
Speak up your mind
Tell us what you're thinking... !