Contracheques foram requeridos pelo MP-GO, que apurava supersalários. Casa recorreu e alegou de que direitos dos funcionários seriam violados.
MP-GO investiga denúncias de supersalários na Assembleia
Legislativa (Foto: Carlos Costa/Alego)
O
Tribunal de Justiça de Goiás (TJ-GO) acatou um pedido da Assembleia Legislativa
de Goiás (Alego) e suspendeu a liminar que obrigava a Casa a fornecer cópias
dos contracheques dos servidores que ocupam cargos de confiança ao Ministério
Público Estadual de Goiás (MP-GO). A decisão é da desembargadora Maria das
Graças Carneiro Requi, que suspendeu a liminar concedida em fevereiro deste ano
pelo juiz Avenir Passo de Oliveira, da 3ª Vara da Fazenda Pública Estadual.
A
promotora Fabiana Lemes Zamalloa do Prado, responsável pela ação civil pública
proposta pelo MP-GO, informou ao G1
que a suspensão da liminar ocorreu no último dia 13 de março,
mas que só na quarta-feira (2) teve conhecimento da decisão. “Ainda não fui oficialmente
notificada, mas já vi o deferimento ao pedido da Assembleia por meio de uma
consulta ao site do TJ. Agora tenho que aguardar os autos para analisar se é
possível um pedido de reconsideração”, explicou.
Procurada
pelo G1,
a assessoria de imprensa da Alego informou que a Casa não vai se pronunciar
sobre o assunto até o julgamento do mérito do processo.
Denúncias
O MP-GO passou a investigar o caso em abril do ano passado, após denúncias de que alguns servidores recebiam salários com valores acima do teto constitucional, que é de R$ 24.117,62. “Na época eu entrei em contato com o presidente da Assembleia, Helder Valin [PSDB], e ele informou que não iria expor os servidores fornecendo os contracheques. Ele apenas nos enviou os valores líquidos e brutos, mas isso não foi suficiente para comprovar se todos os descontos e adicionais estão dentro do previsto em lei”, disse a promotora.
O MP-GO passou a investigar o caso em abril do ano passado, após denúncias de que alguns servidores recebiam salários com valores acima do teto constitucional, que é de R$ 24.117,62. “Na época eu entrei em contato com o presidente da Assembleia, Helder Valin [PSDB], e ele informou que não iria expor os servidores fornecendo os contracheques. Ele apenas nos enviou os valores líquidos e brutos, mas isso não foi suficiente para comprovar se todos os descontos e adicionais estão dentro do previsto em lei”, disse a promotora.
A
partir daí, Fabiana requereu as cópias por meio de um mandado de segurança, mas
o TJ-GO negou o pedido. Com isso, ela decidiu protocolar uma ação civil
pública, que foi aceita pelo juiz Avenir Passo de Oliveira. No entanto, a Casa
recorreu e o processo aguardava por uma nova decisão, proferida recentemente
pela desembargadora.
No
recurso contra a primeira decisão liminar, a Alego afirma que “a revelação dos
contracheques, além de violar o direito de intimidade de cada servidor, também
representa risco para a própria segurança e integridade física do servidor e
sua família, na medida em que o expõe à cobiça de assaltantes, roubadores,
sequestradores, estelionatários e demais tipos de marginais que estão soltos
pela sociedade e sempre à espera de uma próxima vítima”.
Ao
suspender a liminar, a desembargadora Maria das Graças Carneiro Requi
ressaltou que “é prudente aguardar o contraditório nesta esfera recursal, bem
como a manifestação da Procuradoria de Justiça, para tão somente, com maior
cautela, analisar a legalidade da decisão recorrida”. A magistrada também
entendeu que a primeira decisão em desfavor da Assembleia “poderá vir a causar
lesão grave e de difícil reparação ao recorrente, já que cominou multa diária
de R$ 10 mil pelo descumprimento da ordem liminar”.
Para
a promotora Fabiana, os cofres públicos sofrerão prejuízos em função da demora
no andamento das investigações. “Se os salários estão sendo pagos de forma
irregular, quanto mais demorar a regularização, maior será o prejuízo ao
erário. Isto porque os valores podem estar sendo pagos como verba alimentícia,
o que não pode ser recuperado futuramente”, afirmou.
Segundo
ela, é importante ressaltar que a desembargadora suspendeu a liminar, mas que
essa situação ainda não é definitiva. “Tudo pode mudar, já que o mérito
definitivo só sairá ao término do julgamento da ação”, explicou a promotora.
Supersalários
A polêmica sobre os supersalários começou em abril do ano passado, quando o jornal O Popular divulgou uma lista com servidores que chegavam a ganhar mensalmente R$ 44 mil. Esse valor ultrapassava os vencimentos de desembargadores e até de ministros do Supremo Tribunal Federal (STF).
Supersalários
A polêmica sobre os supersalários começou em abril do ano passado, quando o jornal O Popular divulgou uma lista com servidores que chegavam a ganhar mensalmente R$ 44 mil. Esse valor ultrapassava os vencimentos de desembargadores e até de ministros do Supremo Tribunal Federal (STF).
Na
época, Helder Valin se defendeu e disse que a resolução que reajustou a
remuneração dos servidores que ocupavam cargos de confiança está em vigor desde
2011 e que tinha sido instituída na gestão do ex-deputado Jardel Sebba (PSDB).
Mesmo assim, ele instaurou uma apuração e prometeu reduzir os salários para se
adequar a lei.
No
dia 17 de junho do ano passado, foi publicado no Diário Oficial do Estado o
projeto que extinguiu o pagamento e estabeleceu o teto em R$ 19,5 mil. A
partir daí, o caso passou a ser investigado pelo MP-GO.
Em dois anos, foram instaurados 15 procedimentos sobre problemas com salários de servidores, diretores e deputados na promotoria.
Em dois anos, foram instaurados 15 procedimentos sobre problemas com salários de servidores, diretores e deputados na promotoria.
PM prestou apoio ao MP-Go durante a Operação Poltergeist (Foto:
Reprodução/TV Anhanguera) Servidores
'fantasmas'
A Operação Poltergeist durou um ano e apurou denúncias de existência de pelo
menos dois funcionários "fantasmas", que eram contratados pelo
gabinete do vereador Divino Rodrigues (PROS), mas não compareciam. Além disso,
existem suspeitos que têm ligação com o deputado Daniel Messac (PSDB).
No total, 11 pessoas suspeitas de participação no esquema foram presas, sendo que duas já foram ouvidas e liberadas. As demais permanecem na Casa de Prisão Provisória (CPP) de Aparecida de Goiânia. Além deles, outras 29 pessoas foram levadas para a sede do órgão em Goiânia para prestar esclarecimentos, sendo que todas foram liberadas após os depoimentos.
O procurador geral do MP-GO, Lauro Machado Nogueira, disse que todas as informações ainda são apuradas, mas que em apenas um dos casos cerca de R$ 400 mil foram desviados. “Isso foi em um período de um ano e meio, em transferências bancárias e depósitos. Sem contar o que pode ter sido entregue em espécie”, afirmou.
No total, 11 pessoas suspeitas de participação no esquema foram presas, sendo que duas já foram ouvidas e liberadas. As demais permanecem na Casa de Prisão Provisória (CPP) de Aparecida de Goiânia. Além deles, outras 29 pessoas foram levadas para a sede do órgão em Goiânia para prestar esclarecimentos, sendo que todas foram liberadas após os depoimentos.
O procurador geral do MP-GO, Lauro Machado Nogueira, disse que todas as informações ainda são apuradas, mas que em apenas um dos casos cerca de R$ 400 mil foram desviados. “Isso foi em um período de um ano e meio, em transferências bancárias e depósitos. Sem contar o que pode ter sido entregue em espécie”, afirmou.
Segundo
Machado, o grupo investigado contava com um núcleo que contratava os
servidores, mas que não executavam as funções. “O esquema criminoso dentro da
Assembleia tinha esse núcleo que fazia a contratação e essas pessoas devolviam
90% dos salários recebidos”, disse.
A reportagem entrou em contato com o vereador Divino Rodrigues e com o deputado Daniel Messac, mas eles preferiram não comentar o assunto.
Após a operação, Helder Valin informou que toda a documentação solicitada à Assembleia foi entregue ao MP-GO. Além disso, ele determinou o recadastramento de todos os servidores efetivos e comissionados e estuda a implantação de um ponto eletrônico.
A reportagem entrou em contato com o vereador Divino Rodrigues e com o deputado Daniel Messac, mas eles preferiram não comentar o assunto.
Após a operação, Helder Valin informou que toda a documentação solicitada à Assembleia foi entregue ao MP-GO. Além disso, ele determinou o recadastramento de todos os servidores efetivos e comissionados e estuda a implantação de um ponto eletrônico.
Atualmente, os servidores assinam uma folha de presença. Uma
sindicância também foi aberta e os deputados Luiz Carlos do Carmo (PMDB),
Humberto Aidar (PT) e Helio de Sousa (PSDB) foram encarregados de conduzir os
trabalhos.
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